ECOS DE DAVHANA -

AGORA QUE SEJAM PÓ E CINZAS

   Sim irmãos, que agora só restam pó e cinzas da concupiscência, das paixões desenfreadas, da inconstância da alma, da falta de graça e negligência espiritual que tanto arrastaram a consciência adormecida, para o fosso escuro dos sentidos da carne.

   Foi-se o fim da própria mortalidade, o período onde o homem torna-se embriagado pelos valores externos, como se toda a sua vida se resumisse em apenas alguns dias, tornando-se vazios e obscurecendo o próprio coração, entregando-se as paixões degradantes, desmoralizando a própria alma.

   Mas agora, como o filho pródigo volta para a casa do Pai! Vem para ser consagrado pelo perdão Daquele que com divina paciência acolhe com amor, mesmo os que comentem delitos contra a lei do Universo.

   Ele sabe que a alma humana não desvia os olhos da iniqüidade por ser frágil e não conhecer as verdades eternas, se deixando levar pelas sutilizas do mundo profano perdendo a contemplação do seu Criador.

   Como uma flor que desabrocha para luz, desperta para a realidade de um reino que só emana justiça, paz e harmonia, o reino do espírito santo, sempre recordando as palavras de São Paulo apóstolo: “Voltai vossos olhos para as coisas do céu, não para as coisas da terra”.

   A Luz do espírito vem pela Graça, que flui para todos como dádivas de Deus, reduzindo os prazeres mundanos a meros sentidos terrestres que esvaziam a alma.

   Tenha certeza que és consciência eterna. Desprenda-te das condições exteriores e dos sentidos carnais, pois quando isso compreenderes a luz espiritual te fará reconhecer a herança Divina que habita em teu íntimo, o Cristo interior que deseja te guiar até tua vitória final.

   Assim termino essa missiva, rogando que nos quarenta dias seguintes, permita que uses a compreensão espiritual para em oração e amor, chegar mais próximo da Verdade que vivifica.

   Abaixo deixo poema escrito nas areias de uma praia do litoral paulista, oferecido ao Senhor pelo irmão amado Jesuíta São José de Anchieta:


   Tu moravas em minha casa e eu não Te conhecia.

   Sondavas meu coração e eu não Te sentia.

   Guiavas meus passos e eu não Te seguia.

   Até o dia em que minha pobre alma contemplou a luz e;

   fui arrebatado pelas mãos de Meu Amado.

   Contemplei então o fogo abrasador do Teu amor.

   Oh! Porque escolhestes o vaso mais imperfeito entre todos que sou eu?

   Porque chamas uma alma tão inclinada à negligência?

   Senhor, quem sou para que te lembres de mim?

   Fico pensando se tua nobre grandeza,

   não poderia ter desvairado;

   porque pois, hás chamado para teu aprisco, uma ovelha desgarrada?

   Mas logo entendi,

   Teu amor jamais distingue,

   Tua bondade imparcial, não conhece a desigualdade.

   Agora minha alma se há iluminado.

   Não tenho outro ofício,

   Que só contemplar-te oh! Cristo amado.

Padre Leonardo Nunes (Efraim)

Da Santa Igreja do Abarebebê,

Canal- José R. Gomes